UN – Deputado, a região experimenta hoje um clima de otimismo, sobretudo pela vinda da Mirabela, da passagem da Ferrovia e, mais recentemente, pela vinda iminente da Termoelétrica. De que forma Ubatã pode aproveitar essa onda de otimismo?
AC – Eu não tenho dúvida de que o Sul da Bahia merece essas oportunidades que estão chegando para a região, essa região que viveu o tempo todo da monocultura do cacau. Ubatã como município que muito contribuiu com o estado da Bahia como grande produtor de cacau vai ser beneficiado por esses investimentos. A FIOL terá uma grande extensão, ligando a região oeste ao litoral de Ilhéus e Ubatã terá aqui também o Porto Sul, investimento este que beneficiará todo o Sul da Bahia. A ferrovia passa por toda essa região. A mirabela vai usar a ferrovia e com isso há circulação de riqueza e fortalece a economia.
UN – Deputado, como o senhor analisa o projeto aprovado pelo governo que limita as consultas do Planserv?
AC – Eu acho um absurdo, inclusive a oposição deu uma demonstração de força na assembleia, pois conseguimos enfrentar o governo. Os deputados governistas votaram contra a um direito adquirido do servidor do estado. Primeiro, se o servidor tem o Planserv, ele assinou um contrato com o estado, existia cláusulas garantindo o atendimento de urgência e emergência. Vem o estado agora limitando o acesso do usuário e de seus dependentes aos serviços do plano para consultas e exames. Isso é inconstitucional, inclusive a oposição se mobilizou e fez uma campanha grande no estado, a imprensa, e vocês tiveram um papel fundamental. O governo tem uma ampla maioria na Assembleia Legislativa, mas a população deu uma resposta grande. É preciso que o governo Jaques Wagner tenha sensibilidade, um projeto como este só faz atrapalhar a vida de quem precisa de um plano de saúde. Entramos com uma ação para anular essa decisão de limitar o número de consultas.
UN – A maioria que Wagner possui hoje na Assembleia Legislativa é uma maioria nociva?
AC – Não vou dizer nociva, mas toda maioria atrapalha. A Assembleia Legislativa é a casa do contraditório. Você tem lá vários partidos da base aliada, da oposição, os blocos independentes, mas é algo que precisa partir de cada deputado. O deputado foi às urnas, conseguiu o voto de confiança do cidadão, então as mudanças no Planserv foi algo que a população reprovou, assim os deputados que votaram pela aprovação votaram sob as orientações do governo. Os deputados não estão votando ali em função da consciência própria. A oposição deu uma resposta e conseguimos 20 votos contrários a aprovação do projeto.
UN – O voto distrital seria uma forma de acabar com esses vícios da política, uma vez que eleito, um deputado deixaria de prestar conta ao governador para prestar contas à população de seu distrito?
AC – Eu acho que o mais importante hoje é você tentar regionalizar as ações políticas. Claro que o voto distrital é um voto extremamente importante. Eu particularmente defendo o voto distrital, pois eu sair de minha região bem votado, sou de Ibicaraí, mas radicado em Itabuna. Acho que o voto distrital é a forma correta de o eleitor encontrar no candidato as suas propostas, pois você facilita o debate, facilita a cobrança do eleitor ao parlamentar. É claro que a adoção do voto distrital na depende da Assembleia Legislativa da Bahia, mas do Congresso Nacional. Depende de uma reforma política. Para essa eleição não dá mais tempo, mas é preciso debater o tema.