O cunhado de 9 anos da adolescente Hyara Flor Santos Alves, 14 anos, confessou a responsabilidade pelo disparo que acertou a jovem no pescoço e causou a sua morte no dia 6 de julho. O delegado da Polícia Civil que investiga o caso, Robson Andrade, explicou que a criança teria saído da residência na hora do crime e dito ao pai que disparou contra a cigana enquanto brincavam com a arma no quarto.
“Além de oitivas com testemunhas no local, analisamos imagens das câmeras de segurança do local e, logo após o disparo, o cunhado de 9 anos sai da casa com as mãos na cabeça e diz: ‘Pai, eu matei Hyara! Isso é observado pelas câmeras e confirmado por testemunhas”, relata o delegado, informando que a criança chegou a pedir para ser morta.
Ainda de acordo com o delegado, houve correria após o disparo para prestar socorro a Hyara, que acabou não resistindo. Andrade explicou também o porquê do marido de Hyara, um adolescente de 14 anos que era o principal suspeito pelo crime e chegou a fugir de Guaratinga para o Espírito Santo, se viu livre de indiciamento pela morte da jovem.
“No processo de investigação, foi constatado que a vítima estava com o cunhado brincando com a arma no quarto onde foi atiginda. Além de perícia na arma, que indica um disparo com 20 cm de proximidade e compatível com a altura da criança de 9 anos, testemunhas que estavam na casa indicaram que ele estava em outro cômodo no momento do tiro”, diz.
A arma em questão era sogra da adolescente, que foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal. Coordenador da 23° Coorpin, o delegado Paulo Henrique Oliveira trouxe a informação de outros dois disparos, esses feitos de fora para dentro da casa, que seriam o motivo da fuga da família.
“Essas provas, que antes não estavam nos autos, indicam dois tiros feitos contra a residência após o crime. Um acertou a porta e outro uma televisão da casa. Por conta desses disparos, o adolescente e a família evadiram para que não fossem vítimas de homicídio”, explica Oliveira.
A família de Hyara chegou a dizer que o assassinato dela foi premeditado e que a família do marido dela já estava com tudo pronto para fugir do local. No entanto, a investigação, que ouviu até testemunhas em um posto de gasolina que indicaram que a família precisou deixar um cartão como garantia porque não tinha dinheiro para abastecer, concluiu que a fuga aconteceu às pressas após os disparos feitos contra a residência deles.
O tio de Hyara, que não teve nome revelado, seria responsável pelos disparos. “Após os fatos, as testemunhas ouvidas pela investigação disseram que o tio da vítima apareceu em frente à residência e efetuou esses disparos, que teriam sido dados por acreditar que ela tivesse sido morta de maneira proposital”, explicou o delegado Robson Andrade.
O tio também foi indiciado por disparos de arma de fogo. Sobre o adolescente que era marido da vítima e foi apreendido pelo Ministério Público (MP), a PC informou que fica a cargo do órgão decidir o que será feito com ele. Já o cunhado responsável pelo disparo não pode ser indiciado por crime e nem por ato infracional análogo ao crime, o que acontece com adolescentes de 12 a 17 anos. O que pode ser feito é uma intervenção administrativa em relação a criança pelo Conselho Tutelar ou outra instituição. (Correio)