UBATÃ NOTÍCIAS :: Bahia

Mais de 112 mil crianças e adolescentes exercem trabalho infantil na Bahia

Trabalho infantil — Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

Atrás apenas de São Paulo, a Bahia é o segundo estado com maior índice de crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos, que são vítimas do trabalho infantil. Ao todo, 112,4 mil pessoas dessa faixa etária vivem essa condição no estado baiano. Em São Paulo, esse número é de 221 mil. Os dados são do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023, divulgado pelo Unicef na última quinta-feira (10).

O relatório foi elaborado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) e analisa sete dimensões básicas de direitos: renda, educação, informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil. A dimensão de alimentação também foi avaliada a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Esta é a quarta edição desta pesquisa.

O estudo é dividido em duas categorias: privação intermediária e privação extrema. Na primeira, são coletados dados de crianças, entre 5 e 9 anos, que realizaram tarefas domésticas por entre 10 e 20 horas durante a semana de referência; crianças de 10 a 13 anos que trabalharam até 14 horas ou realizaram tarefas domésticas entre 15 e 20 horas; e, por fim, crianças de 14 a 17 anos que trabalharam entre 21 e 30 horas. A Bahia ocupa o segundo lugar no ranking ao analisar essa categoria.

Já a privação extrema corresponde a crianças de 5 a 9 anos que trabalharam ou realizaram tarefas domésticas por mais de 20 horas durante a semana; crianças de 10 a 13 anos que trabalharam por mais de 14 horas ou realizaram tarefas domésticas mais de 20 horas; e crianças de 14 a 17 anos que trabalharam por mais de 30 horas. Nessa categoria, a Bahia fica em terceiro lugar, com 68,4 mil crianças, atrás de São Paulo (105 mil) e Minas Gerais (70,2 mil).

Para Márcio Lima, presidente da Central Única das Favelas na Bahia (Cufa-BA), os índices negativos quanto ao trabalho infantil na Bahia foram impulsionados pela pandemia da Covid-19. “Depois de muito tempo, a gente percebeu o crescimento de crianças e adolescentes nas sinaleiras. Era algo que a gente via há 30, 35 anos. Hoje, a gente vê crianças e adolescentes comercializando doces, balas nas sinaleiras, ou como flanelinha, guardando carro, limpando para-brisas…”, aponta.

Ainda conforme Márcio, cidades do interior sofrem ainda mais com esse problema social. “O impacto é maior porque existe o trabalho, exploração infantil e a violência da criança e adolescente. Isso impacta diretamente no desenvolvimento das crianças e é muito preocupante. O reflexo disso é que estamos tendo menos meninos e meninas capazes de ter sua emancipação cidadã garantida”, conclui.

Procurada, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH-BA) não havia respondido ao CORREIO até a publicação desta matéria. (Correio 24h)


Curta e Compartilhe.

Deixe um Cometário


Leia Também