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Estudo mostra que rejeitos de barragem da Samarco contaminaram Abrolhos

Rejeitos da Samaco atingiram Abrolhos, no extremo-sul (Foto: Maurício Oliveira)

Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) comprovou que os corais do Parque Nacional dos Abrolhos, no extremo-sul da Bahia, sofreram impactos significativos decorrentes da contaminação por rejeitos da Samarco. Após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) em 2015, os resíduos do beneficiamento de minério se espalharam rapidamente pelo Rio Doce e, em seguida, começam a atingir a região costeira, aponta a pesquisa. Em um relatório de quase 50 páginas, os pesquisadores apresentaram análises detalhadas sobre a presença de metais nestas estruturas, demonstrando notória incorporação de zinco e cobre, entre outros elementos. A pesquisa envolveu seis laboratórios da Uerj e também contou com a colaboração da Universidade Federal Fluminense (UFF)  e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-Rio. O coordenador do trabalho, Heitor Evangelista, do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (LARAMG), criou uma página no facebook, a Abrolhos Sky Watch, para observar a dispersão da lama do Rio Doce até o mar. “Eu e meus alunos checávamos diariamente as imagens de satélite e colocávamos na internet para o público ir acompanhando o desenrolar do problema”.

Pesquisa aponta contaminação em Abrolhos (Foto: Fernando Moraes)

O monitoramento acendeu o alerta de que os rejeitos poderiam chegar ao parque marinho, localizado a cerca de 250 km da foz. “A gente já desenvolvia um trabalho em Abrolhos com corais. Então entrei em contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), em Brasília, e programei uma coleta de duas colônias no arquipélago” conta Heitor Evangelista. O professor explica que “através de técnicas químicas, constatamos que, no meio do crescimento dos corais, houve um pico enorme de metais pesados, que coincide exatamente com a cronologia da chegada da pluma de sedimentos da Samarco”. Evangelista afirma que o dano é irreparável, devido à extensão atingida. “Nosso papel é saber em que medida aquela área foi impactada. E a partir daí deflagrar mecanismos de monitoramento para descobrir qual vai ser a resposta biológica diante desse fato. Não há como remediar, mas nós precisamos aprender com esse processo”. O professor acrescenta que a preservação já vinha sendo ameaçada pela temperatura mais alta da água dos oceanos. “Agora, precisamos monitorar levando em conta este novo fator, para antever o que pode acontecer”. O relatório foi encaminhado ao ICMBIO, órgão do Ministério do Meio Ambiente, e vai integrar os autos da multa ambiental aplicada à Samarco. “Até agora não havia nada provando um sinal claro da pluma da mineradora em Abrolhos. Esse trabalho é conclusivo nesse sentido”, finalizou o pesquisador. (Pimenta)


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