A estudante do curso de direito Patrícia Furtunato, 22, vive um drama desde o dia 25, quando familiares dela que moram no distrito de Nova Palma, em Gongogi (a 390 km de Salvador), ficaram ilhados e incomunicáveis por conta das fortes chuvas no sul da Bahia. Ela relatou ao UOL que, desde sábado, a situação foi se agravando, e que todos esperam apoio ou resgate —que, segundo a estudante, ainda não chegou. “Eu estava sem contato [com os parentes] desde ontem, lá está sem energia elétrica. O único contato que eu consegui foi com uma pessoa que tem um telefone rural, que conseguiu ligar para uma parente de São Paulo, e essa familiar me procurou e me passou o contato dela para que eu conseguisse uma ajuda aqui perto”, afirma Patrícia, que mora em Ubatã, cidade a 19 km de Gongogi e também atingida pelas fortes chuvas. A jovem conta que, na pequena comunidade às margens do rio de Gongogi, moram a avó, dois irmãos, três tios e duas primas. Até agora, poucas imagens do local chegaram até ela, que teme um agravamento da situação nas próximas horas. “Já está faltando insumo: não tem mais gás, não tem mais água potável”, conta. Muitas pessoas perderam suas casas, teve desabamento e, nas fazendas próximas, ninguém consegue passar. Só se consegue chegar por via aérea, por meio terrestre nenhum — já tentaram com caçamba, carros grandes, e não vai”.
Nova Palma é uma pequena comunidade com apenas cerca de 15 ruas localizada à beira do rio Gongogi, que transbordou no sábado. Além do distrito, outros locais próximos também enfrentam os mesmos problemas. “Muitas fazendas próximas, de ambos os lados [do rio], também ficaram ilhadas porque a água transbordou. A região tem muitos ribeirões, represas e todos transbordaram. Desde a entrada, entre [o município] Barra do Rocha e Nova Palma tem muita água, que cobre uma pessoa”, conta. Ela afirma ainda que já teve informações de que a casa do pai dos dois irmãos dela foi alagada, e ele perdeu tudo. “Ele está em uma das fazendas próximas do distrito. As pessoas não estão tendo acesso, até agora eu estou tentando conversar com eles para saber a quantidade de pessoas que precisam sair pelo Corpo de Bombeiros, e não estou conseguindo mais contato”, afirma. Segundo a estudante, como o Corpo de Bombeiros informou, na noite de hoje, que só pode realizar esse tipo de operação amanhã, a noite será de apreensão. “As pessoas estão lá, não têm como sair. Tem uma gestante presa, que não dá para vir de lancha porque a água está puxando muito. Estamos preocupando, sentimos a dor de todas essas famílias”, diz. (Uol)