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Estudante dirige mais de 300 km após tomar tiro na cabeça: ‘Achei que fosse pedrada’

— Foto: Arquivo Pessoal

O estudante mineiro que levou um tiro na cabeça em uma praia de Cabo Frio durante o Réveillon seguiu os dias de descanso acreditando ter sido atingido por uma pedrada e viajou mais de 300 km dirigindo o carro até Juiz de Fora, onde mora.

A viagem, feita em 7 horas, não teve intercorrências, e Mateus Facio seguiu a vida normalmente até que, quatro dias depois, começou a se sentir mal e procurou um hospital da cidade.

Só após exames, descobriu que a pedrada levada no dia 31 de dezembro, na verdade, foi um disparo de projétil calibre 9 milímetros que já estava pressionando o cérebro dele.

“Imaginei que fosse uma pedrada, algo do tipo. Ouvi um barulho tipo de explosão, só que dentro da minha cabeça. Então eu olho pra frente e tá todo mundo sem entender nada e eu ‘ai ai ai’. Um médico, que estava com o grupo de turistas, estancou o sangramento, colocou gelo e os jovens seguiram para a noite de Réveillon, em Búzios.

“No dia 2 [de janeiro] volto para Juiz de Fora, sem sentir nada. No dia 3 trabalhei pela manhã, à tarde fui no Rio de Janeiro, num bate e volta para resolver umas coisas. No dia 4 foi quando eu descobri o que tinha realmente acontecido porque à tarde fui tirar um cochilo e acordei com o braço um pouco bobo, a mão com movimento estranho, sentia os dedos mexendo, mas não tinha confiança para pegar uma coisa”.

Após exames em um hospital particular de Juiz de Fora, foi identificada a bala na cabeça do jovem, que precisou ser operado. Ele ficou dois dias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade e mais um dia no quarto.

“O médico nos procurou e explicou sobre a situação, que o Mateus teria que passar por uma cirurgia para remoção da bala e que ele correria alguns riscos, mesmo que pequenos”, explicou Luciana Facio, mãe do estudante.

“Havia preocupação com sangramento, vazamento de líquido cerebral, meningite e até morte. Graças a Deus ficou tudo resolvido, de uma forma gratificante. Os médicos, enfermeiros que viram Mateus ali quase não acreditaram. Uma pessoa passar quatro dias com uma bala na cabeça e não sentir nada e inexplicável. Nasceu de novo. Podemos comemorar duas vezes esse nascimento do Mateus”.

Os últimos 20 dias vividos pelo estudante deram confiança para uma mudança nos estudos. O jovem, que antes cursava administração, trancou o curso, matriculou-se em medicina e, se antes em dúvida, agora diz estar certo da decisão:

“Em dezembro do ano passado resolvi mudar de curso. Eu fiz a matrícula na medicina e tranquei administração. Era uma coisa que eu queria há muito tempo, mas nunca tive coragem de fazer. Vou realizar uma mudança na minha vida, na minha carreira, que é interessante para mim. Mal sabia que ia acontecer tudo e, no hospital, no tempo que fiquei internado, vi que era o que realmente eu queria para minha vida”, conta.

“Depois disso tenho certeza que vai influenciar na minha profissão, para eu ser um bom medico e buscar salvar a vida das pessoas, cuidar de todo mundo no geral”.

Investigações

O projétil retirado da cabeça do estudante será encaminhado para a Polícia Civil de Cabo Frio, que ficará responsável por investigar de onde saiu a bala e quem efetuou o disparo.

Conforme a Polícia Militar, não houve registro de nenhuma ocorrência no dia envolvendo tiros na região da praia. (G1)


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