
A Bahia é o segundo estado brasileiro com o maior número de crianças sem o nome do pai na identidade. O estado teve, nos últimos cinco anos, 69.814 bebês registrados apenas com o nome da mãe. O número só é superado por São Paulo, que tem 146 mil casos.
Para o presidente da Associação dos Notários e Registradores da Bahia (Anoreg/Ba), Daniel Sampaio, a liderança reflete as desigualdades enfrentadas no estado.
“A Bahia tem uma população majoritariamente negra e também altos índices de pobreza. Então, o que a gente vê é que essa ausência do nome do pai atinge principalmente famílias chefiadas por mulheres negras e periféricas. É um reflexo da falta de políticas públicas, do racismo estrutural, da ausência do Estado em vários territórios. E isso não é só um nome que falta na certidão, é uma ausência que atravessa gerações e reforça o ciclo de exclusão”, afirma.
Em um recorte menor, a capital baiana, por exemplo, sofreu um aumento no número de crianças sem pais. O município registrou 1.926 crianças sem o nome do pai em 2020, 1.917 em 2021, 2.073 em 2022, 2.579 em 2023 e 3.304 no ano passado. Até maio deste ano, já são mais de 700 recém-nascidos registrados apenas com o nome da mãe. Os dados são dos Cartórios de Registro Civil de Salvador evidenciam.
Na soma, desde 2020, esse número chega a mais de 12 mil. Com um número expressivo de recém-nascidos sem a paternidade registrada em 2024, o município apresentou uma alta de aproximadamente 32% em relação a 2023, quando foram registrados 2.579 casos. *Ler mais no Correio 24h.