
A Bahia obteve 30.733 médicos registrados durante 2024. Conforme um levantamento da Demografia Médica, acessado pelo Bahia Notícias, essa quantidade de registros corresponde a uma razão de 2,07 médicos por 1.000 habitantes no estado.
Os dados são baseados e representam a quantidade total de registros de médicos em território baiano, já que o mesmo profissional pode ser registrado em mais de um estado.
No comparativo com a média nacional, que é de 3,08 médicos por 1.000 habitantes no mesmo período, o estado fica em uma posição inferior à de outras unidades federativas. Os números baianos ainda indicam uma densidade de médicas inferior nacionalmente e regionalmente, já que no Nordeste, a Bahia possui uma das menores razões, ficando acima do Maranhão somente.
Ainda segundo o estudo, a distribuição de médicos nos municípios baianos é desigual e repete um padrão nacional, onde esses profissionais estão concentrados em centros urbanos. Em Salvador, por exemplo, há 16.934 médicos registrados, com uma razão de 6,59 médicos por 1.000 habitantes.
A pesquisa também trouxe os números relacionados a quantidade de médicos nas cidades baianas, onde existem 13.799 médicos registrados. No entanto, a proporção do Índice de Distribuição Capital/Interior (IDCI) é considerada menor, sendo 1,12 por 1.000 habitantes, uma diferença de 7,32 comparada com a capital baiana.
ESPECIALISTAS
Outras informações apresentadas pelo Censo Médico 2025 trataram ainda da quantidade de médicos especializados e generalistas. De acordo com os números, o estado tinha até o ano passado 17.128 especialistas, representando uma razão de 115,34 especialistas por 100.000 habitantes. A quantidade foi considerada inferior à média nacional de 184,36 especialistas por 100.000 habitantes.
A distribuição das duas categorias ficou em torno de 43,6% generalistas e 56,4% especialistas, percentual também inferior ao nacional (59,1%) de especialistas. A reportagem do Bahia Notícias acessou ainda a lista das especialidades médicas com mais trabalhadores em atuação no estado. Clínica Médica lidera o ranking com 2.882, seguido por Pediatria com 2.160 e Cirurgia Geral com 2.026. Na sequência aparecem Ginecologia e Obstetrícia (1.789), Anestesiologia (1.153), Cardiologia (1.102), Oftalmologia (1.012), Ortopedia e Traumatologia (958), Medicina do Trabalho (838) e Radiologia e Diagnóstico por Imagem (778).
Já as áreas com menos profissionais são Medicina física e reabilitação, Laboratorial e Medicina nuclear e de Emergência. Outro dado constatado é no número de trabalhadores do sexo feminino e masculino. Na Bahia, temos um percentual maior de médicas do que médicos, sendo 52,1% contra 47,9%.
Em entrevista ao BN, o ex-diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Jedson dos Santos Nascimento, analisou de forma positiva os números, mas alertou acerca do contexto da saúde em que esses médicos estão inseridos no estado. Segundo ele, há uma grande dificuldade na distribuição da classe no interior, principalmente dos generalistas.
“Existe o fato de não haver condições de trabalho adequadas ou atração no espaço adequado. A questão não é só formar médicos, mas sim todos querem estar só na capital, e isso não resolve o problema no interior. O interior tem suas particularidades. E hoje o grande desafio do Estado é firmar esse médico no interior. Porque o discurso de que não se formava médicos já acabou com a existência de tantas faculdades de medicina. Esse quantitativo de hoje já satisfaz, tanto que já existe a lista de espera de emprego de médicos em Salvador, de cirurgiões, de clínicos, de várias especialidades. Inclusive o generalista hoje já se encontra com alguma dificuldade, o recém-formado tem alguma dificuldade para encontrar emprego na capital”, disse.
Jedson indicou que os setores de clínica, pediatria e cirurgia conseguiriam captar mais trabalhadores, por conta da maior oferta na residência médica.
“São especialidades que mais tem vaga de residência médica. Clínica Médica e Cirurgia Geral tem muita vaga de residência médica. Não formam muito clínica, mas formam muito cirurgião geral habitualmente. Então são os que mais temos”, afirmou.
O médico ainda explicou que, a despeito dos números, é possível que um profissional é registrado com uma determinada especialidade atue em outra distinta.
“A base pela qual é retirada esses números foram bases de banco de dados. Então, por exemplo, eu sou pediatra, mas resolvi ser anestesiologista. Porém, continuo tendo RQE de pediatria. Então eu conto como sendo pediatra. Existe um aspecto que o Censo Demográfico não trouxe, eu estou fazendo isso por crítica e por conhecimento.[…] As pessoas mudam de especialidade e vão fazer outras por conta das dificuldades. A pediatria mesmo enfrenta muita dificuldade, muitos estudantes não querem porque a vida do pediatra não é simples, é muito difícil, até na remuneração, inclusive, que é muito desvalorizada”, exemplificou. (Bahia Notícias)