Eu não sou hipócrita. Nem sou anônimo. Eu não quero ser, nem parecer melhor do que ninguém. nem parecer melhor do que sou. Porque simplesmente não sou melhor do que ninguém. Nem pior. Como qualquer pessoa comum, tenho minhas virtudes e também os meus defeitos. Assim, não quero parecer ser uma pessoa melhor do que as outras. Não estou acima nem abaixo de ninguém. E não existe sentido em querer ser ou parecer ser outra pessoa.
Por outro lado, não sei escrever de encomenda. Quando sinto vontade sento em frente do computador e escrevo. Mando uma mensagem. Como qualquer ubatense a minha grande preocupação é que nossa terra tenha um melhor destino. Nós não merecemos o governo que temos e que tivemos nestes quatro anos de chumbo, apesar da máxima de que “cada povo tem o governo que merece”. Não é verdade. Se elegemos pessoas que depois vieram a nos decepcionar, nós as elegemos na melhor das intenções. Pelo menos a grande maioria agiu assim. Queria um governo melhor, mais decente, correto na aplicação dos recursos municipais. Mas o poder, quase sempre, corrompe.
Talvez a culpa seja realmente nossa, no sentido de não reagirmos. De ficarmos calados, sem querer nos envolver, para não sofrer as consequências. Com medo da retaliação. Do troco que dirigentes truculentos costumam dar, inclusive aqui mesmo na nossa cidade. Mas a coisa foi longe demais. E alguns setores da população, como o comércio, a APLB e alguns grupos do funcionalismo (dos servidores) se manifestaram e enfrentaram o poder constituído. Com coragem, se expondo, para reivindicar direitos. E deu resultados, inclusive sensibilizando a justiça para sua causa.
Uma gari me disse, quase aos prantos, que não tinha mais como manter a sua casa. “Que era o homem e a mulher da casa”, já teve a luz cortada e a água suspenso o fornecimento. Que fazia um mês que não tinha gás em sua casa e que vinha cozinhando com lenha. Não tinha marido nem ninguém mais que lhe pudesse ajudar e já fazia algum tempo sem receber pagamento. E tinha que quase mendigar para sobreviver. É de muita crueldade. Sou da opinião que prefeitos que deixem de pagar salário dos servidores devem responder por crime hediondo. E ir para a cadeia, pelo mal que fazem. Pela miséria que causam a tantas famílias. Há tantas crianças que sofrem diretamente a injustiça feita a seus pais. Nada é mais doloroso que ver um filho pequeno com fome e não ter mais como lhe dar comida, porque o fruto do seu trabalho está sendo desviado para outros fins, por prefeitos irresponsáveis. É terrível saber ou imaginar que alguns dirigentes vivem na mordomia, enquanto os servidores passam angústia com suas famílias pela falta de pagamento de seu salário. É inaceitável. Não existe argumento que me convença, que justifique o não pagamento de salários.
Eu não estou querendo ser melhor do que ninguém quando afirmo isto. Eu não quero valorizar as pessoas em que votei neste pleito. Assim como não aceito que os atuais dirigentes não paguem salários dos servidores, não aceitarei que a próxima administração deixe de pagar. Porque eu tenho certeza absoluta de que isto não vai acontecer. E se vier a acontecer, no que não acredito, estaremos cobrando com firmeza a regularização da situação.
Porque acima de nossas paixões e de nossas preferências deve estar a ética, um princípio que não pode ser esquecido, como dizem os rotarianos. E quem administra tem que ter como rumo a ética acima de tudo. E não é justo nem ético deixar de pagar a quem trabalha, principalmente a quem só vive do seu trabalho.
Nós, a comunidade, devemos estar atentos e apoiar os movimentos que reivindicam, principalmente, o pagamento de salários. Depende muito de nós. De nossa cobrança, de nossa participação, de nosso apoio. Não devemos esquecer o passado, mas nos firmarmos nele para construir um futuro melhor. E para isto é preciso que participemos e apoiemos. E lutemos para ver banidos da política de ubatã aqueles que vivem principalmente dela, extorquindo e se beneficiando por meios escusos do dinheiro público, em detrimento da grande massa que não tem voz nem poder.