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Texto de Robson Ciolle

Devido a preocupação de amigos, familiares, conhecidos e os que acompanham meu trabalho, e também por terem sido veiculadas algumas informações na imprensa, resolvi me pronunciar sobre o ocorrido no último dia 23 de Junho, nos festejos juninos de Santo Antônio de Jesus.

Em primeiro lugar, quero tranquilizar a todos e dizer que, apesar de machucado e com muitas dores, estou me recuperando fisicamente. A recuperação psicológica virá com o tempo. Como diz o ditado popular, “O tempo é um santo remédio”. Espero que ele seja também para mim.

Depois, quero esclarecer os fatos que ocorreram:

Durante o show do Harmonia do Samba, eu estava acompanhado de um amigo (amigo??? Ele desapareceu durante o ocorrido) assistindo o espetáculo. Resolvi sair do local onde eu estava e andar um pouco quando encontrei uma barreira da Polícia Civil, com cerca de 20 policiais que supostamente estariam ali para evitar brigas e proteger as pessoas. Ao passar por eles e ao desviar das poças d’aguas que havia no chão por conta do período chuvoso, fui bruscamente impedido por um deles de continuar e eu o questionei por quê. Ele ordenou que eu fosse para um outro lado e eu lhe disse que eu preferia um caminho sem lamas e continuei por saber que não havia justificativa para esta intolerância e porque tenho o direito de ir e vir desde que não ofenda ou vá de encontro a integridade de ninguém. Isto foi motivo suficiente para eu ser agredido. Enquanto eu levava socos e era arrastado com os braços contorcidos, tentava entender o que estava acontecendo. Colocaram-me uma algema, me levaram com agressão e, de uma forma técnica, faziam movimentos com o meu braço para parecer que eu estava oferecendo resistência. Eu, desesperadamente, falava que estava rendido (precisava? Eu estava sendo arrastado) e que não precisava daquela agressão, mas eles não davam a menor importância ao meu pedido.

Os policiais alegaram que eu teria dado um soco no policial. Talvez,
você que esteja lendo esta mensagem não me conheça pessoalmente, mas aqueles que me conhecem sabem o quanto sou pacífico (apesar de decido e firme) e que jamais seria capaz de um ato de violência. E também acredito que mesmo outra pessoa não seria estúpida para agredir sabendo que seria reprimida violentamente por 20 policiais. Alguém teria essa coragem? Seria um suicídio, além de um desrespeito a um profissional, cidadão fardado e de arma em punho.

Fui levado a um módulo policial e espancado covardemente por 6 policiais: levei vários socos no rosto, bicudas na costela e peito e meu nariz sangrou. Diante daquela situação inesperada na qual eu era tratado como o pior dos bandidos, me via numa necessidade desesperada de explicar ou justificar o que nem mesmo sabia do que se tratava e do que eu estava acusado. Em determinado momento, apareceu o primeiro policial que havia me abordado bruscamente com um impressionante hematoma no rosto dizendo que eu havia lhe dado um soco. Não posso afirmar se os colegas acreditaram nele ou se eram seus comparsas. O fato é que fui espancado por 6 policiais.

E aí, eu me pergunto: o que levaria uma pessoa a agredir fisicamente a si mesmo para forjar a acusação de um cidadão? Apenas pelo prazer de o ver humilhado e sendo espancado?

No módulo para o qual fui levado, tinham duas grades. Em uma delas, vi um membro da Banda Gasparzinho chegando e apanhando e observei seu desespero em chamar seu empresário. Também, vi algumas outras pessoas que alegavam não terem feito nada. Não posso afirmar se eram culpadas ou inocentes. A única coisa que posso afirmar, é que neste momento, tenho uma consciência limpa e um coração ferido. Mais ferido do que qualquer outra parte do meu corpo que neste momento doí.

Sou pai, filho, amigo, profissional , músico e cidadão de bem. Conhecer a realidade deste mundo nem sempre é tão prazerosa e deliciosa como costumo cantar nas minhas músicas. Às vezes, tem um gosto bastante amargo. Agora, quero apenas descansar e receber o carinho das pessoas que me amam de verdade para que eu possa sentir, em breve, o gostinho doce da vida novamente.

Sinto muito por tudo isto ter acontecido nesta cidade que tanto amo, Santo Antônio de Jesus, que sempre considerei um lar e onde sempre acreditei ter amigos. Para estes que se dizem meus “amigos”, saibam que senti falta da maior parte de vocês. Esperei que muitos fossem lá me defender e sumiu quase todo mundo. Por outro lado, agora, sei que são as pessoas que estão comigo, afinal, coragem só para quem ama.

Agora, vou buscar meus direitos, fazer o que for preciso legalmente para que, ao menos, eu sinta que a injustiça pode ser punida e a justiça feita.
Espero que ninguém passe pelo que passei ou por situação semelhante.
Obrigado!


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