
Quando Lula assumiu a Presidência da República substituindo Fernando Henrique, disse que recebeu uma herança maldita, querendo dizer que o seu antecessor lhe teria entregue o país em péssimas condições, quase ingovernável. Não era, digamos, uma verdade, mesmo porque depois se veio comprovar que a afirmação era, pelo menos, exagerada. Mas se tem uma coisa que o PT sabe fazer muito bem é a publicidade e se cunhou uma expressão a “herança maldita” como o recebimento de um governo, pelo novo governante em condições muito ruins para governar. ACM fez isso com maestria com Waldir Pires.
Nestes casos os marqueteiros falaram mais alto. E, como dizem os analistas, o que importa não é o fato, mas, a sua interpretação, a sua versão, se firmaram muitas vezes verdades que não eram tão verdades assim.
No nosso caso, no entanto, é muito diferente. O que prevalece não é a versão dos fatos, mas os fatos em si. Na verdade ainda não vi muita gritaria condenando o passado. Mas é mais do que óbvio que o que Siméia herdou dos gestores passados (refiro-me principalmente ao último quatriênio) é muito mais que uma herança maldita.
O Município me parece ingovernável. Pelo menos nestes primeiros dias. São tantos os desafios, as contas para pagar, os salários, todos eles, atrasados, muitas ações contra o Município, ações, diga-se, mais do que justas, pois nada há de mais justo do que um servidor que trabalhou e não recebeu seu salário vá reivindicá-lo na justiça. São muitos milhares de reais que estão em jogo e que o servidor tem direito e que o Município deve. Como pagar sem inviabilizar a administração que se inicia? É um grande desafio.
A grande pergunta é: para onde foi tanto dinheiro? Ninguém será responsabilizado? Porque uma coisa é certa, o dinheiro veio para Ubatã, para pagar os seus servidores, bem como as demais contas. Como se explica isto? Não haverá consequências?
E, como diz o ditado popular, a corda acaba quebrando sempre no lado mais fraco. Quem pagou, está pagando e pagará o pato é sempre o servidor. Veja-se que a gestão que se encerrou em 2008 deixou sem receber salários do mês de dezembro e 13º salário de 2008 mais de quatrocentos servidores (não sei o número certo, mas é mais ou menos este) e até hoje ainda não receberam seus salários e 13º salário nem se sabe quando receberão. E os próprios servidores praticamente já esqueceram do fato. Parece que já perdoaram e se dão por satisfeitos com quem lhes tratou tão injustamente.
A(s) gestão(ões) anterior (es) que se encerraram no último dia 31 de dezembro deixaram mais do que quatrocentos servidores penando, pois não receberam 13º salário, mês de dezembro e muitos não receberam setembro e outubro e às vezes até o mês de agosto.
Isto está certo? Que país é este? Que cidade é esta? Como é que esta gente pode dormir sem remorsos?
Tenho a certeza que com Siméia/Expedito a conversa é outra, pois, sei de suas boas intenções. Mas não tenho dúvidas também que eles têm pela frente um problemão. Só para início de conversa.
Só nos resta rezar ou orar como dizem muitos. E muitas orações e rezas foram feitas pedindo a Deus inteligência e inspiração para o governo que se inicia. Parece que se esqueceram de rezar e de orar em 2009, quando se iniciava o governo que se encerrou no último dia 31. Ou se o fizeram, parece que não fizeram com muita fé, pois ao que tudo indica, Deus não os ouviu.