
Sabe aquela cena clássica de filmes americanos, quando todos os universitários, usando beca, jogam o chapéu de formatura para cima? Pois bem. Isadora Rezende, de 21 anos, até tentou tirar uma foto desse momento, quando se tornou bacharel em inovação, ciência e tecnologia, na Universidade Federal de Lavras (Ufla). Mas… só havia um chapéu voando. O dela.
Isa não teve de negociar com ninguém sobre quem seria o professor homenageado na colação de grau. E seus pais foram poupados daquela (não tão agradável) experiência de, ao esperar a filha receber o diploma, ouvir centenas de nomes de outros alunos sendo chamados ao palco.
É que Isadora foi a única da turma a se formar no tempo mínimo (3 anos).
“Fui responsável por fazer tudo: o juramento, o discurso, o recebimento do mérito acadêmico… Foi um evento feito só para mim”, brinca.
Como isso é possível?
Na Ufla, a graduação é dividida em duas etapas: três anos de disciplinas básicas, que conferem ao aluno o título de bacharel em inovação, e, em seguida, dois anos de especialização em uma área específica, para gerar um segundo diploma (o de engenheiro).
Isa já havia encarado a experiência de cursar diversas matérias sendo a ÚNICA da turma, porque só ela demonstrou interesse em Engenharia de Produção. Mas a colação de grau do primeiro ciclo envolveria, em tese, os estudantes de todas as outras engenharias.
Só que não é fácil ser aprovado “de primeira” em todas as disciplinas. Isadora foi a única a conseguir. Resultado: formatura solo.
Ela conta que o fato de ter cursado diversas disciplinas 100% sozinha acabou contribuindo para o seu excelente desempenho no boletim acadêmico.
“Meu aproveitamento foi muito melhor nessas matérias do que nas outras. Dava para mostrar todos os meus pontos de dificuldade, tirar as dúvidas e ter atenção especial dos professores só para mim”, diz. “Sei que sou privilegiada por isso. E acho que foi uma chave importante na minha jornada.”
Discurso e comemoração
Em vez de imprimir aqueles tradicionais álbuns de formatura, a universidade optou por disponibilizar todas as imagens do evento na nuvem, por meio de um link do Google Fotos.
E, bem, digamos que tenha sido um “book” da Isadora. Do começo ao fim: mais de 100 fotos e vídeos em que ela brilhou como a única de beca.
O clímax da cerimônia, inclusive, está registrado lá: o momento do discurso de Isadora.
“Ensaiei umas 700 vezes. Mas, assim que falei que gostaria de agradecer aos meus pais, comecei a chorar. Não conseguia me controlar”, diz. “Falei muito sobre não desistir dos nossos sonhos, porque a educação abre portas e traz asas para que a gente consiga voar. Mesmo que sozinha.” (G1)