
O ataque fatal sofrido pelo caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, por uma onça-pintada na região de mata de Touro Morto, no Mato Grosso do Sul, trouxe à tona uma dúvida frequente em casos como esse: a vítima sofreu? Biólogos consultados pelo Metrópoles analisam o comportamento do animal e os indícios da cena para tentar responder a essa questão.
Jorge foi atacado na última segunda-feira (21) enquanto tentava coletar mel em um deck próximo ao local em que acabou morto. A Polícia Militar Ambiental (PMA) encontrou o corpo dele no dia seguinte – os agentes seguiram trilhas e marcas de sangue deixadas pelo animal. Segundo relatos, os restos mortais estavam sendo arrastados pela onça por mais de 50 metros, até que o felino fugiu, assustado por disparos.
O caso, ainda sob investigação, é considerado raro. As autoridades avaliam possíveis motivos para o ataque, como escassez de alimentos, comportamento defensivo, período reprodutivo da onça ou alguma ação involuntária da vítima que possa ter desencadeado a reação do animal.
Para o biólogo Henrique Abrahão Charles, os vídeos disponíveis sugerem que houve um momento de perseguição antes do ataque. Ele explica que a onça-pintada tem um método de predação muito eficiente, que inclui morder diretamente o crânio da presa — uma técnica diferente da usada por outros felinos, que normalmente atacam a garganta ou a nuca.
A bióloga e mestre em Ciências Biológicas Cinthia Martins Corbetta reforça a letalidade da mordida da onça-pintada, considerada uma das mais fortes do reino animal e a mais potente entre os felinos.
Onça é capturada

A onça macho que pode ter sido responsável pela morte do caseiro Jorge Ávalos, 60 anos, foi capturada pela Polícia Militar Ambiental na madrugada desta quinta-feira (24). O animal foi encaminhado para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande (MS).
Conforme informações oficiais, o macho pesa 94 quilos, e o CRAS da capital foi isolado como medida de segurança, não sendo permitida a entrada de pessoas não autorizadas. A captura do animal foi realizada pela PMA com o auxílio de pesquisadores. A surpresa foi pelo sexo do animal, já que se esperava que ele fosse fêmea, e não macho. (Metrópoles)