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Histórico familiar e síndrome genética são os fatores de risco do câncer de mama em homens

— Crédito: Divulgação

Enquanto os fatores de risco para o câncer de mama em mulheres estão fortemente relacionados à história reprodutiva e às oscilações hormonais, no sexo masculino o risco está mais associado ao histórico familiar e à síndrome de Klinefelter, uma condição genética que afeta somente os homens e altera os níveis hormonais.

Mas tanto em homens como em mulheres, o tumor pode aparecer de forma esporádica, ou seja, sem associação a um fator prévio. Esse é o caso do analista de suporte Everaldo Silva, 51, que descobriu um câncer na mama direita em fevereiro de 2023.

“Fui em um aniversário e percebi que minha blusa estava manchada na região do peito. Pensei que era alguma sujeira, mas quando cheguei em casa e tirei a camisa jorrou sangue do bico do peito, mas achei que era uma espinha”, conta.

A analista comercial Mahiara Guedes, 36, teve que convencer o marido a buscar atendimento médico. No hospital, ele foi diagnosticado com um câncer de mama hormonal de estágio 3 e ficou muito abalado com o resultado.“Sentava na maca e chorava muito. Não foi fácil, mas o apoio da minha esposa foi essencial. Seria muito difícil passar por isso sem ajuda”, diz.

Devido à agressividade do tumor, ele teve que fazer sessões de quimioterapia vermelha, que é considerada mais forte, antes de fazer a mastectomia para remoção total da mama direita. No final, o paciente ainda passou por sessões de radioterapia.

Para o analista, os efeitos colaterais da quimioterapia foram uma das piores partes do tratamento. Ele sofreu com mucosite bucal (inflamação na boca), cansaço, náuseas e diarreia. Também precisou abrir mão do desejo de ter filhos, porque perdeu a fertilidade e a produção de hormônios.

A esposa de Everaldo destaca a importância dos homens buscarem ajuda assim que notarem uma alteração nas mamas, porque a pessoa pode morrer muito rápido em caso de um tumor agressivo. “A nossa médica disse que se tivesse esperado mais um mês não daria tempo.”

FATORES DE RISCO PARA CÂNCER DE MAMA EM HOMENS

O artista visual Filipe Grimaldi, 39, não fazia acompanhamento médico periódico para prevenir o câncer de mama, já que o procedimento não é recomendado para homens. A avó e mãe dele, no entanto, já foram diagnosticadas com um tumor mamário.

Aos 36 anos, ele identificou um nódulo na mama, mas não associou ao câncer. Após quase seis meses, em uma consulta dermatológica, foi alertado sobre o risco da doença. Em um especialista, fez uma biópsia e recebeu um diagnóstico positivo para o carcinoma ductal invasivo.

“Eu identifiquei tarde, o tumor estava grande, então tive que tirar toda a mama. Ainda tive que fazer quimioterapia e fiquei muito mal por causa dos efeitos colaterais do medicamento. Minha vida parou por cinco meses, estava lutando contra o câncer”, relata.

Assim como as mulheres, as mutações genéticas herdadas dos pais também são um fator de risco para o câncer de mama em homens, principalmente dos genes BRCA 1 e 2, que estão ligados à predisposição genética para o tumor mamário.

Oncologista do Hospital Brasília, Romualdo Barroso explica que esses genes ajudam a reparar o DNA danificado. “Quando há uma mutação no BRCA1 e BRCA2, o mecanismo de reparo é prejudicado, o que aumenta a chance de ocorrerem erros genéticos que podem levar ao câncer.”

No entanto, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), somente 5% a 10% dos cânceres são hereditários (passados de geração para geração). A maioria acontece por causas esporádicas, mutações adquiridas ao longo da vida, como no caso de Everaldo Silva.

SÍNDROME DE KLINEFELTER

Segundo o diretor-geral da Dasa Oncologia, Gustavo Fernandes, a doença de Klinefelter causa um desequilíbrio hormonal. Nesses casos, os homens nascem com um cromossomo feminino a mais: em vez de XY, eles têm XXY.

A síndrome gera um aumento dos níveis de estrogênio (hormônio sexual feminino) e causa ginecomastia, que é o aumento excessivo do tecido mamário nos homens, o que impacta nas chances de desenvolvimento de tumores.

Não há indicação de exames de prevenção diferentes para pacientes com a síndrome. Por isso, cada caso deve ser ter acompanhamento médico para identificação de possíveis irregularidades. Além disso, a condição é considerada rara, com incidência de 1 a cada 1.000 pacientes.

FATORES AMBIENTAIS

Também correm maior risco de câncer de mama os homens com condições médicas como alcoolismo, obesidade, tabagismo e doenças do fígado.

De acordo com projeção do Inca, em cerca de dez anos o Brasil deverá chegar a um milhão de novos casos de câncer. A estimativa atual, para cada ano do triênio 2023-2025, está em 704 mil.

IDENTIFICAÇÃO DO TUMOR DE MAMA EM HOMENS

Uma grande diferença do câncer de mama em homens é que esse público tem facilidade de sentir alterações com o autoexame. As mulheres, que têm muito mais tecido mamário, têm mais dificuldade.

“A mama do homem é pequena. Se ele apalpa a região, a chance de sentir um nódulo de poucos centímetros, ou até abaixo de centímetros, é alta. Na mama da mulher, que é um tecido mais abundante, o nódulo tem a condição de se esconder”, detalha Gustavo Fernandes.

Por esses fatores, a mamografia de rastreio não é indicada para homens. Pelo SUS (Sistema Único de Saúde), as mulheres podem fazer o exame a partir dos 50 anos, uma vez a cada dois anos.

SINTOMAS E TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA EM HOMENS

Mastologista do Hospital Sírio Libanês, Lincon Jo Mori afirma que os sintomas mais recorrentes do câncer de mama em homens são nódulos ou tumorações (inchaço), principalmente abaixo do bico do mamilo.

“A depender do avanço do tumor, pode-se ter sintomas de dor ou maior sensibilidade, tumoração endurecida em uma das mamas, além de uma área de inflamação, com vermelhidão e até formação de úlceras.”

As opções de tratamento também não divergem do que é oferecido às mulheres. A cirurgia mais comum é a mastectomia, que normalmente é realizada a remoção total das mamas. (Bahia Notícias)


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