Socialmente aceitável e estimulado, a forma como lidamos com o consumo de bebidas alcoólicas torna o álcool uma droga quase silenciosa. E não é apenas o vício que traz danos, o consumo excessivo e extrapolado, mesmo que eventualmente, é naturalizado e altamente prejudicial. De acordo com a pesquisa ‘Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2023’, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), a taxa de internações na Bahia atribuíveis ao álcool em 2021 foi de 124,5 por 100 mil habitantes, enquanto a taxa de óbitos foi de 35,3.
“Para se ter ideia, cerca de 18% dos brasileiros exageram na ingestão de álcool”, aponta a socióloga e coordenadora do CISA, Mariana Thibes. E quando esse consumo excessivo se torna frequente, o próximo passo pode ser o alcoolismo. “Trata-se de uma doença crônica e multifatorial, onde a quantidade e frequência de uso do álcool e a condição de saúde do indivíduo contribuem para o seu desenvolvimento, além de fatores genéticos, psicossociais e ambientais”, afirma.
Há sete anos frequentando o Alcoólicos Anônimos (AA), Maria Eduarda (nome fictício), conta que dava uma de ‘desbloqueada’ para bebidas de todo tipo. Os problemas que isso gerava eram variados, desde a não conclusão dos estudos até a falta de estrutura familiar, uma vez que sempre entrava e saia de relacionamentos. “Fiquei irresponsável. Não conseguia cumprir nem com compromissos pequenos, sempre passando do horário ou de ressaca. Bastava uma dose de qualquer bebida para que eu desviasse o caminho”, conta. *Ler mais.