Executivos das três principais operadoras do Brasil —Tim, Vivo e Claro— sinalizaram que as empresas debatem o fim do acesso ilimitado a aplicativos pré-determinados no contrato. As três gigantes da telefonia oferecem acesso ilimitado ao WhatsApp.
Esse serviço alavancou a venda de planos do país, em que 62% das pessoas acessam internet apenas pelo celular. Trocar mensagens via WhatsApp é o principal uso do celular no Brasil. Ambos os dados são da pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR).
As operadoras, em geral, vendem pacotes de dados, com um teto de consumo. Por meio de acordo com empresas de tecnologia, excluem certos aplicativos da contagem de dados consumidos.
O presidente do grupo Claro Brasil, José Felix, chamou a estratégia de erro em evento de inovação em telecomunicações realizado em junho. Felix disse na ocasião que sua empresa tem gastos na casa dos milhões para manter o consumo de dados em plataformas das big techs.
Para manter esses planos, as operadoras assumem os custos do fornecimento de dados para atrair clientes ou cobram das fornecedoras do aplicativo. Relatório do InternetLab mostra que a estratégia encarece o preço médio dos planos e fomenta o que os pesquisadores chamam de dependência tecnológica, uma vez que incentiva o uso de determinadas aplicações.
Felix afirmou que o princípio da neutralidade da rede, determinado pelo Marco Civil da Internet, precisa ser revisto, para que novos acordos considerem o tamanho díspar das principais empresas de tecnologia, como Meta, Google e Apple.
Especialistas, contudo, afirmam que os planos “zero rating” são uma violação a neutralidade da rede ao confinar usuários a determinados nichos da internet.
Procurada pela Folha, a Claro afirma que não comenta esse tema ou a fala de seu executivo.
A operadora oferece planos com acesso ilimitado a WhatsApp, Waze, Instagram, TikTok e Facebook.
A Tim garante acesso livre a WhatsApp e Deezer nos planos pré e pós-pagos, que também incluem Instagram, Facebook e Twitter ilimitados. Questionada pela reportagem sobre a intenção de encerrar os planos zero rating, a Tim preferiu não comentar o assunto.
O diretor de receitas da TIM, Fábio Avellar, disse ao Broadcast, do Estadão, que ter um tráfego não remunerado sempre gera prejuízo. A empresa precisa avaliar se a estratégia atrai clientes o suficiente para bancar o custo, segundo ele.
A operadora foi a empresa que mais instalou antenas para o sinal 5G até o momento e procura maneiras de compensar esse investimento, disse Avellar na ocasião.
A Vivo é a operadora que menos oferece acesso ilimitado a aplicativos. Os clientes da empresa acessam apenas WhatsApp de maneira ilimitada. Alguns planos pós-pagos incluem Waze.
“Cada vez mais nós temos diminuído a oferta de aplicativos com uso ilimitado para o mercado, porque entendemos que existe a necessidade de remunerar o investimento feito na rede”, disse ao Broadcast o vice-presidente de negócios da Vivo, Alex Salgado.
A empresa confirmou à Folha trabalhar para reduzir o número de aplicativos com acesso livre. (Bahia Notícias)