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Padre Kelmon disfarçou mal e usou roupas e acessórios errados, dizem especialistas

— Foto: Reprodução/TV Globo

Depois de ter sua credibilidade contestada por candidatos à Presidência no debate da Globo que ocorreu na última quinta-feira, Padre Kelmon virou piada nas redes sociais. Além de ser chamado de “padre de festa junina” por Soraya Thronicke, da União Brasil, o candidato do PTB foi acusado pelo ex-presidente Lula, do PT, de estar fantasiado de sacerdote. As vestimentas de Padre Kelmon não pareceram suspeitas só para Lula. Professor de liturgia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores, o Itesp, e na Faculdade São Bento, o padre Antônio Bogaz diz que o candidato é uma imitação malfeita de padres verdadeiros. Segundo ele, o principal erro do candidato foi tentar se vestir com mais requinte do que o necessário. “Faltou uma assessoria, pois, uma vez que ele quisesse representar algo que não lhe é devido, deveria ao menos imitar com certa atenção, considerando que seu objetivo é a enganação.” Em sua avaliação, as roupas que Kelmon usou no debate poderiam ter sido utilizadas somente em cerimônias religiosas. Padres da igreja ortodoxa -de onde Kelmon diz vir- costumam usar chapéus cilíndricos com um véu, e não a touca que ele veste.

Bogaz afirma que, em celebrações de igrejas ortodoxas, as vestes simbolizam Cristo ressuscitado e, no dia a dia, os padres até usam batina, mas a maioria prefere trajes comuns ou, como diz, “vestes sem modismos e que não pareçam fantasias”.

É uma avaliação que encontra eco no que diz Rodrigo Coppe, historiador e professor do programa de pós-graduação em ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Em entrevista ao jornal O Globo, Coppe afirma que Kelmon abusa de símbolos reservados a hierarquias mais elevadas da igreja. Ele diz que o máximo que um padre veste são roupas pretas com um colarinho branco, não cruzes e toucas.

As suspeitas sobre a credibilidade de Padre Kelmon extrapolaram as redes sociais. A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil publicou no último dia 14 uma nota de esclarecimento dizendo que o candidato não tinha relação nenhuma com a entidade. Ele recebeu 81 mil votos nas eleições deste domingo.

Bogaz diz à Folha de S.Paulo que Kelmon pode ser facilmente desmascarado por quem analisa suas vestes, falas, gestos e comportamento. “Não é preciso conhecimento litúrgico profundo. Basta o bom senso para diferenciar o verdadeiro do falso e saber que a igreja ortodoxa não emprestaria seus membros para uma comédia de bufão.” (Bahia Notícias)


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