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Continuação

Sofremos há poucos dias com a greve dos rodoviários (4 dias). Suas reivindicações foram em parte atendidas – reajuste de 7,5%, bem aceitos -, porém o soteropolitano sofreu duplamente. Primeiro pelo transtorno e segundo pelo reajuste da tarifa de 12% – agora R$ 2,80 – realizada estrategicamente na última sexta, à tarde, a fim de evitar a “revolta do buzu”. Com o reajuste, compensará o aumento dado aos rodoviários. Acreditem: os ônibus são de péssimo estado de conservação, sistema desorganizado, frota insuficiente à demanda, terminais enferrujados, enfim, descaso total. E para espanto, Salvador poderá ter a primeira, digo a primeira, licitação para regulamentação do transporte público. Há mais de 50 anos, que se tenta, mas não consegue devido à reticência dos empresários. Uma vergonha!

EDUCAÇÃO

54 dias. Sim, é o tempo pelo qual os professores da rede estadual estão em greve. Aguardam com afinco a retomada das negociações para selar o aumento de 22,22% que fora acordado com o governo do Estado. Se o caso já era grave, acrescente ao grupo de reivindicação os professores das escolas particulares de Salvador. Em greve há mais de uma semana. E, apesar de ser um movimento nacional, a Universidade Federal também está em greve. A educação já não é o ponto forte, imagina agora. Todos os alunos de férias forçadas. Triste Bahia!

Se não bastasse a greve dos rodoviários e professores, por efeito cascata, outros setores da sociedade baiana e soteropolitana aproveitaram para se manifestar (com total razão). Os comerciantes da Baixa dos Sapateiros realizaram passeata, fecharam as lojas, colocaram barricadas nas avenidas, como medida de chamar a atenção dos governantes e verem a situação pela qual sofrem. Foi, em décadas passadas, um dos principais centros comerciais da cidade. Hoje, é uma avenida negligenciada sob todos os aspectos. O principal motivo da manifestação foi o fato de que os ônibus não passarão mais pela avenida. Ou seja, aniquilará de vez o movimento das lojas!

CULTURA

Escritores e artistas de outrora ficam marcados em nossas memórias. Tempo que não volta mais. Servem para nos referenciar perante o mundo, mas que na prática estamos esfalecendo. Digo isso porque não se faz mais Caetanos, Amados, Ubaldos, Caymmis e Betânias como antes. Período áureo que nos fez um Estado parâmetro de mentes brilhantes. E hoje? Pelo contrário, acostumamos a ouvir e idolatrar Parangolés e Psiricos. À medida que o tempo passou, obtivemos um retrocesso e uma inversão de valores culturais na nossa querida Salvador (claro que com resquícias exceções), pois o conteúdo, aquele texto, música ou poesia bem elaborada, passa a ser renegados. A dinâmica cultural de hoje é: O povo se habituou a comprar o simples e descomplicado. Então, qualquer coisa é fácil de ser vendido (ex. “sou eu negro lindo, sou eu, sou eu”). O que importa é o lucro.

Salvador carece de boas casas de shows – porque tudo que se tem aqui é desorganizado e, principalmente, improvisado! Parando para refletir: qual o artista de renome desembarcou em nossa capital para uma apresentação? Poderiam responder Beyonce. ok! Mas, e artistas como Paul McCartney, Elton John, U2, Madonna…? Não veem por falta de estrutura e expressão da nossa cidade. Infelizmente, essa é a mais pura verdade.

Portanto, teremos de nos contentar com Batifun, Claudia Leite, Estakazero. Não desmereço os mesmos, mas estamos de fato nos nivelando muito por baixo!!

Nem tudo é tristeza, pois temos uma das mais importantes escolas de teatro do Brasil (da UFBA). Pelo menos sob esse aspecto estamos exportando muito bem, é verdade.

LAZER

Qual o local de lazer dos soteropolitanos? O shopping. Vergonhoso, porque não temos parques estruturados para as crianças brincar e se divertir ao ar livre. Condicionaram-se a contentar com visitas a lojas e praças de alimentação. Esse não é o caminho certo e coerente. Cidades como Curitiba, Recife, Rio de Janeiro, têm praças e parques organizados e que despertam o interesse da população. Já em Salvador, temos os parques da Cidade, Pituaçu, porém abandonados e inseguros. De fato, nos resta tão somente visitar shoppings centers.

Que fique claro o amor que tenho pela Bahia e por Salvador. Sou um soteropolitano que luto pela melhoria da minha cidade e do meu Estado. Mas, como se diz: “Roupa suja se lava em casa”.  Porque diante das circunstâncias, fico cético em acreditar que é possível, apesar de ter latente esse sentimento.

O estado de letargia que vive nossa cidade é motivo de vergonha! Precisamos de medidas enérgicas e perceptíveis para fazer desse povo um povo mais feliz.

Sei também dos avanços alcançados, o que é natural com o desenvolvimento e a impulsão do país, todavia ainda é muito, mas muito pouco para um estado como a Bahia.

Temos de resgatar a cidadania e esperança desse povo baiano, “sagrado e profano!”.

Tiago Fonseca Nunes


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